Monday, April 30, 2007

 

O Melhor do Mau Humor


Após a geração dos Napster, Morpheus e Kazaa, aos quais devo substancial porção de minha robusta discoteca pessoal, atualmente estou me esbaldando com os programinhas peer-to-peer (os chamados p2p) que permitem o acesso direto ao conteúdo dos mais variados canais de televisão de todo o planeta.

Somente por meio dos TVUPlayer, TVAnts, SOPCasts e quetais consigo acompanhar integral e -o que é melhor- gratuitamente os playoffs da NBA que se iniciaram há pouco mais de uma semana. Além disso, a transmissão captada pelas mesmas voluptuosas bandas largas nas quais essa bodega é atualizada é a estado-unidense, la original, o que inclui os regozijantes comentários de Sir Charles Barkley nas partidas.

O desempenho do brutamontes ao microfone da rede gringa TNT é indescritível. Dinamite pura. O astro aposentado da liga de basquete americana apresenta todo o sarcasmo mordaz e inteligente que a jequice de um Neto pensa ter em suas observações para a tupiniquim Bandeirantes. Em paralelo ao seu estilo de jogo marcado pelo vigor físico, o corpulento ala de força exibe a boa forma de sua língua, que não se apieda de ninguém (numa perspectiva não olímpica, mas sim anabolizada, afinal não há exame anti doping na NBA), estando sua vítima relacionado ou não ao basquete. Uma breve amostra das deliciosas diatribes de Barkley:


"They say it about brothers, but I can guarantee everybody in Finland look alike."


Arriving at a Knicks game and being swarmed by reporters: "You want to talk to me? I guess it's not like you have a team to cover."


On seeing the now AOL sponsored playoff brackets: Charles: "The AOL Brackets now Kenny!"Kenny: "I can log on!"Charles: "No you can't Kenny. They lost 54 billion today. You can't log on."


"I play ghetto golf -- I talk the whole time."


Clique aqui para mais pérolas de vossa alteza.

Thursday, April 26, 2007

 

O Porrete, o cachação e a Slam Dunk




Após oficializada a já esperada e mais do que merecida premiação de Leandrinho como melhor sexto homem da NBA nesta temporada, me veio à mente um pequeno ensaio que li recentemente do magistral Sérgio Rodrigues sobre Graciliano Ramos. Nele, o escriba de "Vidas Secas" e "Memórias do Cárcere" é retratado como um camarada todo errado, cheio de manias e esquisitices (idiossincrasias, fazendo uso do formalismo linguístico apreciado pelo canonizado escritor). Era um freak avant la lettre, para usar duas expressões pelas quais ele teria ojeriza, em função de sua colérica xenofobia.


Me peguei pensando o que teria a comentar se vivo fosse, o comunista de carteirinha Graciliano Ramos (foi filiado ao PCB), a respeito dessa honraria ofertada pela liga norte-americana de basquetebol ao nosso ilustre compatriota. É possível somente imaginar o que sairia da desvairada mente que em 1921 assinou o delicioso artigo copiado abaixo, extraido do sítio (em obediência à veneração pela lingua portuguesa por ele preceituada) portal literal:




Traços a esmo

Graciliano Ramos


Pensa-se em introduzir o futebol, nesta terra. É uma lembrança que, certamente, será bem recebida pelo público, que, de ordinário, adora as novidades. Vai ser, por algum tempo, a mania, a maluqueira, a idéia fixa de muita gente. Com exceção talvez de um ou outro tísico, completamente impossibilitado de aplicar o mais insignificante pontapé a uma bola de borracha, vai haver por aí uma excitação, um furor dos demônios, um entusiasmo de fogo de palha capaz de durar bem um mês.

Pois quê! A cultura física é coisa que está entre nós inteiramente descurada. Temos esportes, alguns propriamente nossos, batizados patrioticamente com bons nomes em língua de preto, de cunho regional, mas por desgraça estão abandonados pela débil mocidade de hoje. Além da inócua brincadeira de jogar sapatadas e de alguns cascudos e safanões sem valor que, de boa vontade, permutamos uns com os outros, quando somos crianças, não temos nenhum exercício. Somos, em geral, franzinos, mirrados, fraquinhos, de uma pobreza de músculos lastimável.

A parte de nosso organismo que mais se desenvolve é a orelha, graças aos puxões maternos, mas não está provado que isto seja um desenvolvimento de utilidade. Para que serve ser a gente orelhuda? O burro também possui consideráveis apêndices auriculares, o que não impede que o considerem, injustamente, o mais estúpido dos bichos. (...) Fisicamente falando, somos uma verdadeira miséria. Moles, bambos, murchos, tristes - uma lástima! Pálpebras caídas, beiços caídos, braços caídos, um caimento generalizado que faz de nós um ser desengonçado, bisonho, indolente, com ar de quem repete, desenxabido e encolhido, a frase pulha que se tornou popular: "Me deixa..." Precisamos fortalecer a carne, que a inação tornou flácida, os nervos, que excitantes estragaram, os ossos que o mercúrio escangalhou.

Consolidar o cérebro é bom, embora isto seja um órgão a que, de ordinário, não temos necessidade de recorrer. Consolidar o muque é ótimo. Convencer um adversário com argumentos de substância não é mau. Poder convencê-lo com um grosso punho cerrado diante do nariz, cabeludo e ameaçador, é magnífico. (...)

Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, aí vem o futebol.

Mas por que o futebol?

Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo? Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.

No caso afirmativo, seja muito bem vinda a instituição alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho híbrido que possa viver cá em casa. De outro modo, resignemo-nos às broncas tradições dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-nos que o futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve.

Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize com a índole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão.

O do futebol não preenche coisa nenhuma, pois já temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes jogam com uma perícia que deixaria o mais experimentado sportman britânico de queixo caído. (...)

Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras? O futebol não pega, tenham a certeza. Não vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importância. Não confundamos. As grandes cidades estão no litoral; isto aqui é diferente, é sertão. As cidades regurgitam de gente de outras raças ou que pretende ser de outras raças; não somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda ou galego. Nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, a morfina; por aqui há pessoas que ainda fumam liamba. (...)
Estrangeirices não entram facilmente na terra do espinho. O futebol, o boxe, o turfe, nada pega.

Desenvolvam os músculos, rapazes, ganhem força, desempenem a coluna vertebral. Mas não é necessário ir longe, em procura de esquisitices que têm nomes que vocês nem sabem pronunciar.


Reabilitem os esportes regionais que aí estão abandonados: o porrete, o cachação, a queda de braço, a corrida a pé, tão útil a um cidadão que se dedica ao arriscado ofício de furtar galinhas, a pega de bois, o salto, a cavalhada e, melhor que tudo, o cambapé, a rasteira.

A rasteira! Este, sim, é o esporte nacional por excelência!

Todos nós vivemos mais ou menos a atirar rasteira uns nos outros. Logo na aula primária habituamo-nos a apelar para as pernas quando nos falta a confiança no cérebro - e a rasteira nos salva.

Na vida prática, é claro que aumenta a natural tendência que possuímos para nos utilizarmos eficientemente da canela. No comércio, na indústria, nas letras e nas artes, no jornalismo, no teatro, nas cavações, a rasteira triunfa.
Cultivem a rasteira, amigos!

E se algum de vocês tiver vocação para a política, então sim, é a certeza plena de vencer com auxílio dela. É aí que ela culmina. Não há político que a não pratique. Desde S. Exa. o senhor presidente da República até o mais pançudo e beócio coronel da roça, desses que usam sapatos de trança, bochechas moles e espadagão da Guarda Nacional, todos os salvadores da pátria têm a habilidade de arrastar o pé no momento oportuno.

Muito útil, sim senhor.

Dediquem-se à rasteira, rapazes.

Monday, April 23, 2007

 

Nerdcore For Life

"Bitches better fear the NERD revolution!"


Sunday, April 15, 2007

 
http://www.youtube.com/watch?v=bMFj0sWpIAI

Porque extasiar-se com a crueza brutal e a opulência niilista que ditam os ritmos dos guetos S.A é sempre uma experiência transcendental, seja via proibidões&putarias dos bailes destas bandas ou por meio de batidas energúmenas e rimas guturais que ditam mandamentos vitais do animal macho- ostentar e agredir- ao paroxismo.

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