Wednesday, July 26, 2006

 

1500, o romantismo nacionalista oitocentista, o modernismo da semana de arte de 1922, o reconhecimento obtido através dos gramados após 1950, as telenovelas globais; diversos são os fatos históricos determinantes de um sentimento de brasilidade.
Contudo, nenhum acontecimento mencionado acima molda certo espírito crítico, perspicaz, fanfarrão e iconoclástico de encarar a vida a partir do Brasil, isto é, Ipanema e arredores, quanto o material coletado em “O Pasquim - Antologia (Volume I/1969-1971)”. É tudo o que este blog gostaria de ser quando crescer (estágio já alcançado por alguns semelhantes, de acordo com este artigo).
Por fim, o melhor de Ivan Lessa, Paulo Francis, Ziraldo, Jaguar, Luiz Carlos Maciel, Tarso de Castro, Millôr Fernandes, Sérgio Cabral e Sérgio Augusto reunido vale mais que a obra completa de José de Alencar.

Sunday, July 23, 2006

 

Em setembro deste ano, passado o período de férias nos EUA - temporada anual de estréia dos remakes caça níqueis e demais pipocões que alimentam o caixa de Hollywood -, entrará em cartaz The U.S vs. John Lennon, documentário que deve gerar barulho, ainda que menos melódico do que as canções do músico-pacifista, ao abordar a relação nada pacífica entre o maior ícone do Rock de todos os tempos e a conservadora gestão Nixon no governo dos EUA.

O filme promete desvendar a perseguição política implementada pelos poderosos dirigentes da grande potência mundial contra o ex Beatle durante a turbulenta virada dos anos 60 para os 70, quando Lennon passou a apimentar com crítica política e social o seu, até então, palatável repertório de yeah yeah yeahs.

Tal destempero aos ouvidos retrógados, manifestado por declarações enfáticas de desaprovação a Guerra do Vietnã, por exemplo, motivou não só a inserção do nome do ídolo na lista de inimigos políticos do Presidente Richard Nixon, mas também a constante vigilância do FBI de Edgar Hoover, o Caçador de Bruxas (que, em dias atuais, se brasileiro fosse, poderia tranquilamente fazer bico como araponga para a revista Veja contra o governo petista).

A película, ao que tudo indica, deve trilhar a trajetória de acolhida favorável de público e crítica já percorrida por Enron: The Smartest Guy in The Room, Outfoxed, Syriana, Boa Noite e Boa Sorte e os filmes de Michael Moore. Alías, neste filão político anti- bushismo neo con está o que de melhor o cinema americano têm produzido nos últimos anos.

Wednesday, July 19, 2006

 

Fora da Ordem


Noves fora o aspecto apologético da perene fascinação que a transgressão marginal exerce sobre os filhos da fina flor da burguesia provinciana - claro sinal do fim dos tempos, exemplo emblemático da atual Era dos Valores Trocados, papo de "fin de síècle", Calígula, clima de putaria -, sucede que mesmo culturalmente a marginália lá de riba esbanja riqueza quando é comparada ao quadro de incipiência dos costumes autênticos visto nos diversos ethos das organizações ilegais nacionais.

A gangue dos Bloods ( captada por este vídeo traumaticamente THUG), que a la CV defende a cor rubra, desenvolveu, assim como seus rivais, os "bleus" Crips (que tem como padroeiro o finado Sam "Tookie" Willams), um vasto sistema de costumes subterrâneos, composto não apenas por gírias próprias, mas também pela linguagem gestual (um dialeto surdo e mudo gangsta), alta costura exclusiva e complexa modalidade de dança desenvolvida pelos próprios narco-trafics homicidas. Fantasio sobre o dia em que o C-Walk e a Blood Walk figurarão como opções em academias de jazz infantil e atividade aeróbica em Body Techs da vida mundo afora.


Ainda que não passe apenas de um delírio imbecil, vale lembrar que há não muitas décadas atrás era crime ser flagrado a céu aberto em pleno Rio de Janeiro praticando a perniciosa capoeira, sinônimo de vadiagem e não de brasilidade, como ela é reconhecida hoje, orgulho nacional exportado para o mundo todo. Não tardará o dia em que C e Blood Walks serão importadas pelo wannabismo tupiniquim, num movimento como (quem sabe? manifestem-se colegas sociólogos) o visto no processo antropofágico de assimilação do que é hoje conhecido como Funk Carioca , até contaminar a arraia miúda nacional, assim como rabos de arraia são canhestramente executados em Oslo.


Friday, July 14, 2006

 

Hermeto Pascoal


Se o leitor (a propósito, há leitor?) ainda não ouviu a canção “Crazy”, do duo que atende pelo enigmático epíteto de Gnarls Barkley e que impregna a programação nas FM´s mais descoladas wannabes (como aquela pertencente a Luciano Huck), iniciada pelos versos copiados abaixo; não está perdendo muita coisa. A música é maneirinha. Nada mais. Mas, vejamos os versos:

“I remember when, I remember, I remember when I lost my mind/There was something so pleasant about that phase./Even your emotions have an echo/in so much space.”

Pois I remember when Cee-lo ( fantasiado de Wayne, à direita na foto acima), a voz (o virtuoso produtor Danger Mouse é sua cara metade no Gnarls e está usando a peruca do "bruxo" instrumentista Hermeto Pascoal, seu ídolo, na imagem), era um reles MC do grupo Goodie Mob, oriundo de Atlanta, autêntico representante do tosco Dirty South rap, onde hoje prepondera a Crunck Music de Lil´Jon e seus gritinhos insuportáveis de YEEEAHH!! a cada verso, tal qual um Cumpadi Washington com seu “Olha o Kibe” no legendário “É O Tchan nas Arábias”.

Ainda que o Goodie Mob já manifestasse uma certa feição presepeira - afinal os caras são da Dungeon Family, coletivo formado também pelo Outkast de André 3000, figura que manifesta sua excentricidade de um modo distinto do usual, isto é, mais Jorge Lafond e menos Bling Bling Cash Money -, jamais pensei que um dia testemunharia a associação de Cee-lo a um projeto espertamente POP (no melhor dos sentidos), com potencial de seduzir FMs cariocas, nights bombantes e alternativas e Hit Parades mundo afora. Rogo-lhe perdão por ter depreciado seu talento Mister Cee-lo, AKA Suga Baby, AKA Eldorado Lo , AKA Ralo Eight, AKA Cee-Lo Sinatra , AKA Lil' Buddah e AKA Cookie Monster !

Wednesday, July 12, 2006

 


 

FIGHT CLUB


Motivado pela já épica cabeçada de Zizou em Materazzi, fucei o Youtube em busca das melhores compilações de porradas protagonizadas pelos gigantes bombados da NBA. Selecionei as três pérolas abaixo, em função não só da thugcidade das imagens mas também pela qualidade das trilhas sonoras.



 

Monday, July 10, 2006

 

MVP


Thursday, July 06, 2006

 

Squadra Azzura

Figuraças do duelo derradeiro entre os exércitos mais avacalhados da Europa. Comecemos por algumas peças da retaguarda da Tropa de Brancaleone:

Gianluigi Buffon – Guarda metas fora de série, faz o estilo metrossexual, expediente completo: sobrancelha feita, fitinha na cabeça, alisamento japonês, blush e batom antes de entrar em palco, digo, campo. Sua maior conquista, entretanto, ocorreu em outro tipo de gramado, não o que brota nos estádios de futebol, mas o que surge entre as pernas desta tentadora beldade, que pra completar, tara suprema, é natural da República Tcheca:






Fabio Canavarro – Como Buffon e demais patrícios adota a receita ítalo-peroba de encarar a dolce vitta: fama, fortuna, vaidade e escândalos mafiosos. Tá fazendo a Copa de sua vida, pois sabe que depois da competição, Canavarro vai encarar uma cana brava.

Marco Materazzi – Um signori Thug, ou melhor, o Don, um sanguinário, carniceiro insano, que, apesar de (ou em função de) ter sido expulso contra a Austrália, tem feito uma Copa irrepreensível, com direito a um belo gol de cabeça contra a República Tcheca. Em condições normais, faz Junior Baiano em seus áureos tempos de tesoura voadora parecer Ana Maria Botafogo.

Fabio Grosso – Na semi-final, contra a Alemanha, jogou o fino! Hahahahaha........

Silvio Lancelotti- Falando de defesa, eis aí o maior comandante da cozinha italiana. O vovô cocinero é a simpatia em pessoa, típico paulista italianão, abrilhanta com sua vasta cultura renascentista as transmissões da ESPN Brasil, embora tenha marcado época no saudoso “Show do Esporte” quando a Bandeirantes era "O canal do Esporte" e era programa imperdível conferir o espetacular Napoli na manhã de domingo, antes da macarronada da Mama ficar pronta.

Monday, July 03, 2006

 

Galvão, Falcão, Casagrande & Senzala

A próposito dos resquícios da tarde de sábado, estive pensando (ou estava a pensaire como diria a tradicional, costumeira e historicamente tripudiável figura colonizadora, o Manoel da padaria) sobre esta repentina torcida criada forçosamente pelo monopólio Global para a Seleção de Portugal. Até que hoje deparei-me com o texto escrito pelo articulista Fernando de Barros e Silva na Folha de São Paulo, que transmite de forma mordaz e arguciosa uma visão distinta, na contramão do pensamento imposto pelos deformadores de opinião da mais nociva organização deste país. Brilhante como a carequinha e o futebol do camisa 10 da França:

Nacionalismo de resultados

SÃO PAULO - Depois da ressaca, há razões para alívio. Não teremos mais que agüentar as propagandas de cerveja, as piadas infames contra os argentinos, as crônicas do Bial no "Jornal Nacional", as reportagens carregadas de maquiagem de Fátima Bernardes, os flashes ao vivo com os tambores do Olodum.Está desfeito o verdadeiro quadrado mágico entre a seleção, a Rede Globo, a propaganda e o nacionalismo de resultados.Quem gosta de futebol tem mais razões para respirar. Os argentinos, sim, devem lamentar a desclassificação: tinham um belo time, chegaram a exibir o fino da bola. O Brasil, desde o início, foi seqüestrado por um agrupamento de vedetes já velhuscas e fora de forma, lobistas de si mesmos, em busca de feitos individuais e outros negócios. A Globo tratou de incensá-los.Ronaldo chegou à Copa pronto para mostrar a magia do sumô brasileiro. E Roberto Carlos sobrevive há anos do seu dom de iludir: finge que ataca, finge que defende. Marcava o nada, antes mesmo de ajeitar as meias no lance fatal.Terminado o jogo, um atônito Galvão Bueno dizia para si mesmo: "É apenas um jogo, futebol não é tudo na vida". Logo a seguir, ainda atolado em bugigangas, Faustão emendava desorientado: "As eleições vêm aí". A idiotia nacional, amplificada por doses inéditas de jornalismo Big Brother, ficou nua no instante de seu desmanche.Algo dessa miséria nacionalisteira ainda tentará sobreviver agarrada à figura de Felipão, o vingador. Parreira é muito teórico, muito melancólico (a versão distante e triste de Ronald Golias). O brasileiro se identifica mais com o paternalismo de Scolari, ao mesmo tempo autoritário e sentimental. Pouco importa (ou tanto melhor) que sua filosofia tosca embuta o elogio da botinada. Torcerei contra o êxito deste sofrível time de guerreiros lusitanos. Torcerei pelos simpáticos velhinhos da França. Torcerei em silêncio pela consagração final deste gênio da bola -Zinedine Zidane.

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