Thursday, August 24, 2006

 

Hein?


"Varejadão disse...
e o basket nacional hein? "

Caro "Varejadão",
A equipe mal comandada por Lula Ferreira está longe de ser a melhor possível a ser formada no país. É, na verdade, apenas o combinado tupiniquim mais conveniente para o bem do jogo (não do Basquete, refiro-me ao jogo de cartas marcadas ditado pela CBB, a pobre banca que comanda a modalidade no Brasil). Ainda assim, todas as convocáveis “estrelas” brasileiras são apenas reservas, coadjuvantes em clubes e franquias de grande ou médio porte em escala internacional. Ou seja, no cenário mundial atual o Brasil é um azarão com tradição, papel que o Uruguai desempenha no futebol (pois, como este, tivemos um passado glorioso que inclui dois títulos mundiais).

Não obstante o desprezo de Nenê, que preteriu a ida ao campeonato mundial para dedicar-se à reta final de recuperação de contusão no joelho, faltou ousadia já na convocação -que resultou insossa- do grupo de atletas para a disputa da competição que acontece no Japão, uma vez que o habilidoso Marquinhos (atleta recém draftado pelo New Orleans/Oklahoma Hornets) deveria ter sido lembrado para suprir deficiências na posição mais carente do time, a de ala, e, assim, de uma vez por todas, marcar o sepultamento dessa Era Marcelinho Machado na Seleção (época de derrotas amargas e inexpressivos Pan-americanos). Para não ficar sozinho, MM deveria levar consigo o péssimo Guilherme Giovannoni na barca do esquecimento eterno desta geração sem brilho. Esses dois jogadores são o que de pior ronda a Seleção nos últimos anos, pois refletem a mentalidade vigente no basquete nacional.

Estão os referidos atletas na seleção por questões que transcendem à quadra. Garantiram suas titularidades cativas por imposição de forças ancestrais, por posicionamentos oportunos, por terem um ótimo filme feito com o status quo patrimonialista ditador das regras medievais do basquete brasileiro (contra o qual Nenê ensaiou uma rebelião). Um establishment composto por genuínos representantes da cordialidade nacional teorizada por Sergio Buarque de Holanda, que privilegia as relações pessoais, a troca de favores, o interesse privado que suplanta o público e coletivo. Em suma, a CBB é um feudo impenetrável. É nesse sistema de panela que funciona o atraso de nosso basquete.

É de se lamentar também que as raríssimas vozes dissonantes contrárias a esse ordenamento espúrio não têm vez nos veículos da mídia televisiva ( canais fechados somente) que "prestam o favor" de ainda transmitir os fiascos nacionais. As figuras representativas do esporte que estão comentando os jogos do mundial são os mesmos de sempre; figuras que despontaram, acenderam e estabeleceram suas vidas a partir desta estrutura corroída do basquete. Portanto, fazem uma análise viciada: superficial, parcial e desinteressada.

Os comentários de Byra Belo, Miguel Ângelo da Luz e de Alberto Bial ressoam todo o anacronismo imperativo em nosso basquete : É a proteção paternalista ao atleta filho do amigo, a lamentação em forma de platitudes sobre o triste fado da equipe, fruto de mero acaso, pura falta de sorte, como que sem qualquer nexo com a situação que eles não apenas ajudaram a reproduzir mas como também dela sobreviveram. Chama a atenção o beneplácito com que tratam as principais deficiências da equipe: a titularidade do Marcelinho Machado, as falhas na preparação, (falta de) críticas à teimosia do técnico que erra ao substituir, ao escalar e ao definir opções de ataque e defesa em momentos cruciais dos jogos. Soa sempre como uma conversa entre compadres já cansados demais para se revoltarem contra o estado lastimável das coisas.


Sobraram as migalhas da mídia para o basquete que decidiu pela manutenção de sua estrutura amadora arcaica. Não há interesse direto algum do Sportv, por exemplo, em mudar a composição do basquete nacional. A emissora já tem sua grade de programação definida, em que o futebol é a leitmotiv - esta sim uma modalidade que as Organizações Globo poderiam engendrar um movimento de reerguimento para recuperar o interesse do público, coisa que chegou a fazer quando comprou o direito de transmissão do campeonato carioca de futebol em 1999.

Assim, o basquete segue tropego em condução (2 dribles e andadas) ao esquecimento, ao abandono e à redução de espaço, já apertado, no horário pré-determinado pela televisão.

Comments:
engraçado é que ele escreve como se o varejão realmente fosse ler o texto.
 
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